Você costuma ter a sorte de contar com acasos ao longo do dia? Algumas pessoas têm tamanha facilidade para “descobrir” coisas geniais que elas simplesmente surgem, sem pretensão. Pode até parecer golpe de sorte ou acaso mesmo, mas a verdade é que esses acontecimentos são regidos por um termo chamado de serendipidade.
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O nome estranho é graças à história infantil de três príncipes muito bem aventurados da República Democrática Socialista do Sri Lanka, que sempre descobriam coisas de forma completamente imprevisível. Por encontrarem respostas muito úteis e praticamente “sem querer”, os homens de Serendip inspiraram o tempo em português.
Quer saber mais sobre esse conceito e como ele influencia nas vendas em uma empresa? Então, continue lendo!
O que é serendipidade?
Serendipidade, ou serendipity em inglês, é uma mistura de acaso, sorte e criatividade, tanto para descobrir coisas imprevistas quanto para usá-las para fins bastante úteis. São esses acontecimentos fortuitos que acabam contribuindo para resultados melhores em diversas situações, inclusive dentro das empresas.
Na área criminal, por exemplo, a serendipidade é usada para se referir àquelas provas que vão surgindo quase que naturalmente ao longo do processo. No final, esses pequenos acontecimentos “de sorte” acabam contribuindo para um desenrolar mais confiável do caso.
A sorte, na serendipidade, é assim nomeada pela bem-aventurança do fato de encontrar a resposta, mesmo sem estar procurando por ela. Mas é claro que existem outros ingredientes envolvidos nessa fórmula, como uma certa curiosidade natural, capacidade intelectual para ligar informações e uma ótima observação analítica.
Como a serendipidade funciona?
A serendipidade pode ocorrer de muitas maneiras distintas, tanto ao completo acaso quanto de forma quase intencionada. Em alguns casos, ela surge quando a pessoa não está em busca de nada específico na sua carreira, mas tem uma capacidade aguçada de observação. Em outros, no entanto, pode aparecer quando alguém busca uma coisa e acha outra bem melhor.
Na ciência, existem muitos desses casos. O mais popular foi a descoberta da penicilina, que só aconteceu por um descuido de Alexander Fleming. Enquanto saía de férias, ele esqueceu sobre a sua mesa uma cultura de bactérias que vinha observando. Durante o tempo em que esteve fora, a cultura foi atingida por mofo.
Curiosamente, em vez de descartar a sua cultura afetada, Fleming resolveu observar microscopicamente o que acontecia ali. Foi assim que ele descobriu que os fungos formavam uma camada protetora contra as bactérias, o que deu origem ao primeiro super antibiótico da história.
Como pode ver, não bastou o acaso (que foi tremendo). Fleming precisou estar preparado intelectualmente, para entender o que estava ocorrendo ali, e intuitivamente, de modo a ter a curiosidade de observar um acontecimento que até então não tinha valor nenhum.
Em quais áreas a serendipidade se aplica?
Saindo um pouco da história e pensando no futuro, podemos facilmente perceber que a serendipidade é um acontecimento recorrente nos dias atuais. E, mais do que isso, ela pode fazer parte do dia a dia das empresas, desde que seja devidamente aproveitada.
Quer saber em que áreas ela pode ser aplicada? Continue atento e confira!
Comunicação
A serendipidade pode muito bem ser aplicada à área de comunicação de uma empresa. Considerando que o acaso de uma descoberta não tem a ver com episódios aleatórios, uma equipe que dedica seus esforços para descobrir novos métodos e estratégias de comunicação com o público-alvo pode muito bem se deparar com mais do que vem procurando.
Porém, perceba que essa é uma busca intencional e, na maioria dos casos, apoiada pela tecnologia. Suponha, por exemplo, que você está rastreando o comportamento de consumo de conteúdos da sua buyer persona na internet e, de repente, você percebe que está usando um tom de voz inadequado ao impacto que quer gerar. Só que, você também percebe que essa seria uma nova maneira de captar a atenção do público: temos então uma serendipidade!
Marketing
Assim como a comunicação, o marketing pode ser muito bem recompensado pelas serendipidades na empresa. Como o mercado é absolutamente dinâmico e está sempre gerando novos insights sobre posicionamento estratégico, demandas de mercado e tendências que não param de surgir, informações valiosas podem dar as caras.
Mas, lembre-se: nada disso é aleatório. Você precisa de times com um olhar atento a todos os movimentos que ocorrem interna e externamente à empresa, além de feeling para captar conexões que a maioria das pessoas não está vendo.
Vendas
Por fim, temos a área de vendas, que agrega comunicação, marketing e vários outros aspectos relevantes no relacionamento com o cliente. O setor de vendas é particularmente beneficiado pelas serendipidades pelo enorme volume de informações que gera diretamente sobre o vendedor, ou seja, sobre quem está “no campo de batalha” tentando solucionar os problemas do público-alvo.
Por isso, não é raro que o vendedor encontre momentos propícios de inspiração e descobertas valiosas ao comparar seus argumentos de vendas com alguma objeção que o cliente apresente. Por exemplo, se um consumidor diz a você que não vai comprar sua solução porque ela não entrega isso e aquilo, automaticamente, você pode conectar as pontas e criar uma entrega ainda melhor. Eventualmente, isso pode se tornar um sucesso de vendas.
Como promover a serendipidade no seu time?
Você deve ter percebido que não existe uma fórmula mágica para a serendipidade, não é mesmo? A base de tudo é uma combinação de criatividade e capacidade de fazer boas conexões entre as informações. Embora isso possa ser estimulado no seu time, não pode ser treinado.
Mas é claro que existem algumas medidas que criam um espaço mais propício para que essas situações aconteçam. Trabalhar em uma equipe que tem autonomia e liberdade criativa, por exemplo, é um passo interessante para que os talentos explorem novas possibilidades. Por isso é que a Google e o Vale do Silício são tão bons em criar soluções “inéditas”.
Além disso, é fundamental estimular as pessoas a consumirem uma vasta gama de conteúdos. Sim, de design thinking à física quântica. Por quê? Bem, porque é assim que se criam inputs valiosos para produzir ideias originais. Se seguirmos a máxima de que “nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, nenhuma ideia é absolutamente original e todas elas derivam de uma combinação de ideias preexistentes.
Por fim, desafie os seus times a saírem do básico e a observarem profundamente os fenômenos que se apresentam. Nenhuma situação é uma oportunidade perdida. Sempre há algum insumo a ser retirado mesmo dos grandes fracassos que um negócio pode vir a enfrentar.
Não é possível treinar a serendipidade, mas, como um músculo, você pode exercitar a habilidade dos seus talentos em reconhecer esses “acasos” sempre que eles derem as caras. E aí, é só aplicar o conceito para melhorar sua comunicação, promover o marketing da sua marca e vender.
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